Meditação Litúrgica da 34ª Semana Tempo Comum Ano C


SOLENIDADE DE JESUS CRISTO REI E SENHOR DO UNIVERSO ANO C !
(Último Domingo do Ano Litúrgico)
(21 de Novembro de 2010)


Texto: John Nascimento

A Liturgia da Palavra da Solenidade de Jesus Cristo Rei e Senhor do Universo - C, apresenta-nos Cristo como Senhor da Paz e da Unidade.

Cristo é chamado a dirigir o Povo de Deus, a ser o seu condutor; a sua realeza é de origem divina e tem o primado sobre tudo porque n’Ele o Pai pôs a plenitude de todas as coisas.
Todavia, na Liturgia da Igreja, a investidura real de Cristo desenrola-se em torno da Cruz, trono improvisado do novo Messias, como consta do letreiro que lhe puseram ao cima da cabeça, na sua Cruz :
- Este é o Rei dos Judeus.
Por todas as razões, nós podemos dizer :
- Cristo é rei de reconciliação.
- Cristo é rei do perdão.
- Cristo é um rei que veio para servir.
São afirmações que ajudam a evitar as ambiguidades inerentes ao conceito de Realeza, quando não compreendido no sentido da Realeza de Cristo.
A 1ª leitura, do Livro do profeta Samuel, diz-nos que o rei David marca um período na história do povo judeu.
Conseguiu a união dos reis do Norte – tribos de Israel; e reis do Sul – tribos de Judá.
Esta unidade quebrar-se-á com a morte de Salomão, sucessor de David.
Apesar disso, continua o povo a viver de esperança.
Um Messias-Rei conseguirá, de novo, a unidade do mesmo povo.
- “Todos os anciãos de Israel foram, pois, à presença do rei, a Hebron. Lá é que o rei David concluiu uma aliança com eles, e eles sagraram David como rei de Israel”.(1ª Leitura).
Cristo, o ungido do Senhor, reunirá pela aliança da cruz num só povo todas as gentes.
Esta unidade, porém, está ainda por construir.
Nem os povos vivem na paz firme e duradoira, nem tão pouco os cristãos se dão mutuamente as mãos num abraço de perdão.
Mas com fé e com tempo havemos de o conseguir como proclama o Salmo Responsorial :
- “Iremos com alegria para a casa do Senhor”.
Na 2ª Leitura, S. Paulo diz aos Colossenses, e hoje também a todos os vassalos de Cristo, que Cristo é Rei do Universo, centro de toda a Criação : Por Ele o mundo existe e é salvo; por Ele avança para a paz estável e duradoira.
- “Cristo é a imagem de Deus invisível, é o Primeiro entre todos os seres criados.(...) Tudo foi criado por Seu intermédio e para Ele. (...) Cristo é a Cabeça da Igreja, que é o Seu Corpo”.(2ª Leitura).
Ao homem é concedido, por bondade de Deus, participar na obra criadora do Pai.
Esta participação é, por excelência, dada ao Filho, Jesus Cristo.
O Evangelho é de S. Lucas e diz-nos que, reconhecer Jesus, o Filho de Deus, o Rei do Universo, num homem crucificado entre dois malfeitores, é impensável.
A morte de Jesus é um aparente fracasso e simultaneamente a prova da falsidade das suas altas pretensões.
- «Salvou os outros, salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito».(...) «Se és o rei dos Judeus, salva-Te a Ti mesmo». (Evangelho).
Tampouco O reconheceram Rei aqueles por quem Ele Se oferece ao Pai e voluntariamente se entrega à morte.
Pelos pecadores, tudo sofreu, a tudo Se humilhou.
Como em todas as coisas importantes na lei mosaica, é necessário que a entronização seja reconhecida por duas testemunhas.
Mas enquanto as testemunhas da investidura real da transfiguração são dois entre os principais personagens do Antigo Testamento e as testemunhas da ressurreição são também misteriosas, as duas testemunhas da entronização no Gólgota são apenas dois vulgares bandidos.
Investidura ridícula daquele que só será rei assumindo o escárneo até ao fim.
Lucas coloca a seguir a este trecho o episódio de dois ladrões, como que a indicar que, para Cristo, o modo de realizar a sua realeza sobre todos os homens, inclusive sobre os seus inimigos, é oferecendo-lhes o perdão.
Lucas é muito sensível a esta ideia em toda a narrativa da paixão, mas aqui ele chega ao máximo.
Com esse perdão, Cristo apresenta-se como o novo Adão, aquele que pode ajudar a humanidade a reintegrar o paraíso perdido pelo primeiro homem.
É preciso ainda que essa humanidade nova aceite o perdão de Deus e não se volte orgulhosamente sobre si mesma.
Cristo chega ao momento da sua vida em que poderá inaugurar uma nova humanidade, libertada das alienações do pecado; oferece ao bom ladrão o fazer parte dela, porque a sua vontade de perdoar é sem limites.
O Reino de Cristo manifesta-se sobre os convertidos.
Os termos Rei e Messias ressoam em torno da Cruz em frases zombeteiras e provocadoras.
Nesta situação, Jesus tem um gesto verdadeiramente real e assegura ao malfeitor arrependido a entrada no Reino do Pai.
Também diante dos adversários mais encarniçados, Jesus dirá palavras de perão :
- “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”.
Jesus exerce, pois, e manifesta a sua realeza não nas afirmações de um poder despótico, mas ao serviço de um perdão que busca a reconciliação.
Ele é o primogénito de toda a Criatura e, como todas as coisas foram criadas nele, “foi do agraddo de Deus reconciliar consigo todas as coisas, por meio dele, estabelecendo a paz no sangue da sua cruz”.
Cristo é Rei porque, pedoando e morrendo para a remissão dos pecados, cria uma nova unidade entre os homens.
Quebrando a corrente do ódio, oferece a possibilidade de um novo futuro.
Reconhecendo que Jesus é Rei, cremos que com ele Deus manifestou plenamente que a realiuzação do homem só se pode dar pela obediência à sua vontade.
A glória da realeza manifestar-se-ia mais tarde, mas foi por ela que Ele nos garantiu a possibilidade de se poder cumprir o plano da História da Salvação.
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Diz o Catecismo da Igreja Católica :
671. – Já presente na sua Igreja, o Reino de Cristo, contudo, ainda não está acabado «em poder e glória»(Lc.21,27) pela vinda do Rei da terra. Este Reino ainda é atacado pelos poderes do mal, embora estes já fossem potencialmente vencidos pela Páscoa de Cristo. Até que tudo Lhe seja submetido, «enquanto não se estabelecem os novos céus e a nova terra, em que habita a justiça, a Igreja peregrina, nos seus sacramentos e nas suas instituições, que pertencem à presente ordem temporal, leva a imagem passageira deste mundo e vive no meio das criaturas que gemem e sofrem as dores do parto, esperando a manifestação dos filhos de Deus»(LG 48). Por este motivo, os cristãos oram, sobretudo na Eucaristia, para que se apresse o regresso de Cristo, dizendo-Lhe : «Vem, Senhor»(1 Cor.16,22; Ap.22,17-20).

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