Meditação Litúrgica - 02ª Semana do Tempo Comum - Ano A - 16-Jan-2011


Eis o Cordeiro de Deus...

A Liturgia da Palavra deste 2º Domingo Comum – A, apresenta-nos Jesus como O Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo.
Esta expressão «Cordeiro de Deus» lembra aos ouvintes hebreus duas imagens distintas, mas, no fundo, convergentes :
* A Imagem do Servo de Javé que aparece «como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda diante dos tosquiadores» (Is.53,7).
* A Imagem do cordeiro do sacrifício pascal.
Segundo a cronologia joanina, Jesus foi morto na vigília da festa dos Ázimos, isto é, a Páscoa, à tarde, na mesma hora em que, conforme as prescrições da lei, se imolavam no templo os cordeiros.
A partir daí, Jesus imolado seria o Novo Cordeiro Pascal, imolado para remissão dos pecados.
A 1ª Leitura do Livro do profeta Isaías, diz-nos que, escolhido por Deus, o Servo do Senhor, objecto das Suas complacências, recebe d’Ele a missão de reunir todo o Israel disperso e de iluminar com a Sua Palavra, que é a Revelação de Deus, todos os povos da Terra.
- “Vou fazer de ti a luz das nações, para que a Minha salvação chegue aos confins da Terra”. (1ª Leitura).
Jesus, o Servo Sofredor e obediente à vontade do Pai, realizou plenamente, esta missão salvífica : «Eu sou a luz do mundo».
Mas, depois d’Ele e unidos a Ele, os Apóstolos e todos os cristãos têm esta missão iluminadora, porque devem fazer a vontade do Senhor, como proclama o Salmo Responsorial :
- “Eu venho, Senhor, para fazer a Vossa vontade”.
Na 2ª Leitura, S. Paulo, no início da sua 1ª Carta aos Coríntios, saúda a comunidade local de Corinto, desejando-lhe o amor do Pai (a graça), e o seu efeito reconciliador, a paz.
- “Paulo, chamado a ser Apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus.(...) à Igreja de Corinto, graça e paz sejam dadas, da parte de Deus, nosso Pai, e a do Senhor Jesus Cristo”. (2ª Leitura).
Esta comunidade fundada pelo Apóstolo pelos anos 50, é a assembleia dos homens santificados em Jesus Cristo e por Ele chamados a serem santos, vivendo em perfeita dedicação à vontade do Pai e em união com as outras comunidades, a que estão vinculadas pela fé.
Sinal da Igreja Universal, ela é, na verdade, naquele meio corrompido de Corinto, a «Igreja de Deus» encarregada de levar a salvação aos homens.
O Evangelho é de S. João, que nos diz que o verdadeiro Servo de Deus Se apresenta ao mundo, com um acto de profunda humildade.
O Pai, porém, escolhe esse momento, em que Seu Filho Se coloca entre os pecadores, para revelar o Cordeiro de Deus, Aquele que, sendo Santidade infinita, «tira o pecado do mundo».
- “João Baptista viu Jesus, que lhe vinha ao encontro, e exclamou : «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo». (Evangelho).
Jesus Cristo é o Cordeiro da Nova Páscoa que, com a sua morte, inaugura e ratifica a libertação do Povo de Deus.
O homem moderno parece realmente convencido de que é o dono do seu destino.
Hoje há um novo modo de se pôr e de viver o problema da salvação.
Ao homem de hoje oferece-se uma nova esperança terrena.
A visão do homem passa de teocêntrica para antropocêntrica : operou-se um radical deslocamento de interesses, uma autêntica revolução copérnica no universo espiritual do homem.
Ele não se considera mais um peregrino que percorre apressadamente o vale de lágrimas deste mundo, todo voltado para a terra prometida da eternidade.
Torna-se cada vez mais sedentário; substitui a tenda movediça pela casa sólida de pedra, ferro e cimento.
As únicas fronteiras que conhece são as terrestres e temporais.
Uma esperança humana e terrena tomou o lugar da esperança teologal.
Uma nova missão e uma nova acção dão um sentido novo à sua vida : o da conquista gradual e irreversível do mundo.
A fidelidade à terra e a preocupação com a construção da cidade terrena sobrepujaram as esperanças e as preocupações escatológicas.
Uma nova confiança no homem é a base desta luta gigantesca.
O homem não espera mais a salvação de fora, mas procura construí-la com as suas próprias mãos.
Mas talvez o homem não se esteja a aperceber de que foi apressado demais ao proclamar a sua completa autonomia e ao pregar a morte de Deus..
A embriaguez do progresso tornou-o, por pouco tempo, cego diante dos permantes desiquilíbrios que existem no mundo e dos fenómenos novos que, por sua própria novidade, o deviam preocupar.
O mundo apresenta-se ainda cheio de problemas por resolver.
Solucionados alguns, permanecem outros cuja solução parece distante ou porventura impossível, enquanto surgem sempre novos problemas, criados pelo próprio progresso, pela ciência e pela técnica.
Aliás, a ciência e a actividade técnica, embora buscando a salvação do homem, são apenas um dos modos de se dispor a ela, ou melhor, apresentam somente o aspecto mais primitivo, mais rudimentar e mais superficial da solução dos problemas humanos; restam outros problemas sobre os quais a técnica e a ciência positiva nada ou pouco têm a dizer.
O Espírito que desceu sobre Jesus e n’Ele permanece, é o sinal que permite a João reconhecer que chegaram os tempos messiânicos e está inaugurada a segunda Criação, na qual se vai continuar a realizar o plano da História da Salvação .
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Diz o Catecismo da Igreja Católica :
523. – São João Baptista é o precursor imediato do Senhor, enviado para Lhe preparar o caminho. «Profeta do Altíssimo» (Lc.1,76), ultrapassa todos os profetas, é o último deles, inaugura o Evangelho; saúda a vinda de Cristo desde o seio de sua Mãe e põe a sua alegria em ser «o amigo do esposo»(Jo.3,29), ao qual aponta como «Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo»(Jo.1,29). Precedendo Jesus «com o espírito e poder de Elias»(Lc.1,17), dá testemunho d’Ele pela sua pregação, pelo seu baptismo de conversão e, finalmente, pelo seu martírio.

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