Meditação Liturgica 2ª Semana do Advento


Meditação Litúrgica 2º Domingo do Advento Ano A

(5 de Dezembro de 2010)
Apareceu João Baptista a pregar no deserto...

A Liturgia da Palavra deste 2º Domingo do Advento – A, faz-nos este convite : Acolhei-vos mutuamente.
Deus vem como portador da salvação para todos.
A mensagem que acompanha a Sua vinda fala de paz e reconciliação.
A reconciliação que se faz na comunidade cristã, entre os que provêm do Judaísmo e os do paganismo, está sempre sujeita ao que é precário, ao equilíbrio instável; existe no presente e entrega-se à esperança em relação ao futuro.
É todavia o sinal de um mundo reconciliado com Cristo, onde não se levam em conta os privilégios da raça, e de tudo o que separa.
Confiando em Deus, que liberta o Seu Povo da escravidão, confiando em Cristo que nos liberta do egoísmo, o cristão vive, na alegria, este tempo de purificação, pois sabe que, unido a Cristo, poderá vencer todos os obstáculos.
A 1ª Leitura, do Livro do profeta Isaías, diz-nos que, num momento da História da Salvação, em que o tronco da dinastia de David estava ressequido, o profeta anuncia a vinda do Messias, descrevendo a Sua figura e a Sua obra.
- “Naquele dia, sairá um ramo do tronco de Jessé, crescerá um rebento das suas raízes. Sobre ele repousará o Espírito do Senhor : espírito de sabedoria e de inteligência, espírito de conselho e fortaleza, espírito de conhecimento e de temor de Deus”.(1ª Leitura).
Descendente da velha árvore de Jessé, o Rei que há-de vir não se pode identificar com qualquer rei temporal.
As suas qualidades humanas, espirituais e divinas fazem-nos ver neste personagem de Isaías o «Emanuel», o Deus connosco, o Salvador.
Com a Sua vida inaugura-se uma nova época para a humanidade, principalmente pela implantação da justiça, em Isaías sinónimo de santidade.
E com esta vitória sobre o pecado, origem da divisão e da guerra entre os homens(GS 78) a paz messiânica estender-se-á à humanidade, atingirá a própria criação, como proclama o Salmo Responsorial :
- “Em seus dias florescerão a justiça e a paz”.
Na 2 Leitura, S. Paulo diz aos Romanos e hoje também a todos os homens do nosso tempo que Cristo, para o Qual converge toda a Escritura, já veio, e veio para salvar todos os homens.
É um acontecimento que já se realizou.
Em virtude da Sua fidelidade, Deus anuncia a salvação aos Judeus, detentores das Promessas.
Por pura misericórdia, os pagãos têm lugar nas estruturas do Corpo Místico de Cristo.
- “Acolhei-vos, pois, uns aos outros, como Cristo vos acolheu também, para glória de Deus.(...) Cristo Se fez servidor dos Judeus, para mostrar que Deus é verdadeiro e confirmar as promessas feitas aos nossos antepassados”.(2ª Leitura).
Nenhuma distinção é possível dentro do Cristianismo por motivo da fé recebida.
Toda a Igreja compartilhando os sentimentos de Cristo, deve levar ao mundo um testemunho de caridade, para preparar a salvação universal.
O Evangelho é de S. Mateus e diz-nos que, recolhendo e resumindo todos os anúncios do Antigo Testamento acerca da vinda do Salvador, João Baptista é o arauto que Lhe prepara os caminhos, alertando as consciências com a boa notícia da proximidade do Reino.
- «Arrependei-vos, pois está perto o Reino dos Céus». Dele é que tinha falado o profeta Isaías, ao dizer : «Uma voz brada no deserto : “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as Suas veredas”». (Evangelho).
Esse Reino, já presente na Pessoa de Jesus, é universal; está aberto a todos, desde que aceitem a disposição indispensável, a conversão, que consiste na destruição dos falsos valores, como o farisaísmo ritual, e na transformação do coração e do modo de viver.
Aceitar-nos reciprocamente é um convite que a Igreja nos dirige.
A coexistência dos cristãos de origem judaica com os de origem pagã nem sempre foi fácil nas comunidades primitivas.
Conhecemos a tentação de reserva que os primeiros tinham em relação aos outros e as divisões suscitadas.
Mas as palavras de Paulo valem também para as nossas comunidades de hoje.
O cristão, com muita frequência, considera sua pertença ao povo de Deus como um privilégio que o separa dos demais, uma espécie de marca de qualidade; muitos cristãos pertencem a grupos sociológicos (Burguesia, raça branca, organizações cristãs, mundo ocidental) aos quais cabe fazer as maiores concessões a fim de que a coexistência humana dos homens, dos blocos ideológicos, das raças e das classes sociais se torne realidade.
A Eucaristia proporciona aos cristãos a oportunidade de provar o seu universalismo e resusar uma separação entre os ”fracos” e os “fortes”, uma vez que nesta mesa o Senhor se oferece por todos.
É o “vínculo de união” : união com os irmãos, união com Deus em Cristo.
O anúncio da libertação trazida por Cristo suscita uma grande esperança.
A nossa geração espera ansiosamente um futuro de liberdade, apesar da fuga de muitos para um passado de recordações, ou para um presente de alienações.
O povo de Deus mantém viva no mundo esta esperança quando, com os olhos no futuro, vive no presente de modo a merecer confiança, isto é, com fé, caridade e firme esperança.
O nosso encontro com os outros deve ultrapassar os estreitos limites da pura cortesia e da convivência social; de contrário, esvaziar-se-á.
A categoria social fundamental é a relação “eu-tu”.
Ora o “tu” do outro homem é o “tu” divino.
Cada “tu” humano é a imagem do “tu” divino.
Em consequência, o caminho para os outros e o caminho para Deus coincidem; trata-se de aceitar ou recusar.
O relacionamento real (não só as “boas maneiras”) com o outro varia conforme o relacionamento com Deus.
Somente na comunidade eclesial, a dos que estão voltados para Deus, é que se pode viver realmente o encontro com os outros, dentro de um mesmo amor.
Os Cristãos hão-de mostrar uma vontade de mudança de vida, pelo baptismo de água, símbolo do Baptismo de Jesus, o Baptismo «do novo nascimento e da renovação do Espírito Santo»(Tito 3,5), indispensável para o cumprimento do plano da História da Salvação.
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Diz o Catecismo da Igreja Católica :
719. – João é,«mais do que um profeta»(Lc.7,26). Nele, o Espírito Santo consuma o «falar pelos profetas». João termina o ciclo dos profetas inaugurado por Elias. Anuncia iminente a consolação de Israel; é ele a «voz» do Consolador que vai chegar(Jo.1,23). Tal como o fará o Espírito de verdade, «ele vem como testemunha da luz»(Jo.1,7). A respeito de João, o Espírito cumpre assim as «indagações dos profetas» e o «desejo» dos anjos! (Pe.1,10-12) : «Aquele sobre Quem vires o Espírito Santo descer e repousar, é que baptiza no Espírito Santo. Ora eu vi e dou testemunho que Ele é o Filho de Deus(...) Eis o Cordeiro de Deus».(Jo. 1,33-36).

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