Meditação Liturgica 4ª Semana do Advento Ano A


4º DOMINGO DO ADVENTO ANO A !
(19 de Dezembro de 2010)
Maria tornara-se noiva de José...

A Liturgia da Palavra deste 4º Domingo do Advento – A, chama a nossa atenção para o Emanuel – Deus connosco.
Através da pregação e da Liturgia a Igreja continua a repetir ao homem que a verdadeira e definitiva salvação é um dom que o próprio Deus nos traz, vindo a nós.
O ponto central da Liturgia deste domingo é a revelação desse segredo, desse mistério escondido durante séculos : a manifestação do plano salvífico que Deus preparou e realizou por amor aos homens.
Esse desígnio de salvação tem uma história e tem os seus sinais reveladores apontados pelos profetas que falam do Emmanuel, o Deus connosco, filho de uma virgem.
A 1ª Leitura, do Livro do profeta Isaías diz-nos que o Povo de Israel vive um momento difícil da sua vida.
Ameaçado por poderosos inimigos, parece destinado à destruição total.
A própria dinastia de David, donde havia de surgir o Messias, está condenada a desaparecer.
O rei Acaz, manifestando absoluta falta de fé, julga-se abandonado por Deus, procurando a salvação em alianças humanas.
- “Acaz respondeu : «Não pedirei, não porei o Senhor à prova.(...) Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal : Há-de a virgem conceber e dar à luz um filho, a quem porá o nome de Emanuel».(1ª Leitura).
Isaías intervém e proclama que Deus não esqueceu o Seu Povo.
E o «sinal» da Sua assistência divina é uma pessoa, que evitará a Israel a desgraça de cair em mãos inimigas.
Este «sinal», a que, directamente o profeta se refere é Ezequias, que há-de nascer ao rei Acaz. Ele será o Emanuel, o Deus connosco, sinal da salvação oferecida por Deus.
Isaías, porém, anuncia directamente a Salvação em Cristo.
Como o afirmam S. Mateus e toda a tradição da Igreja, em Cristo, a Quem se associa Sua Mãe, cumprem-se plenamente todas as outras profecias do Antigo Testamento.
Por isso o Salmo Responsorial evoca e proclama as glórias do Senhor :
- “Venha o Senhor, é Ele o rei glorioso”.
Na 2ª Leitura, S. Paulo diz aos Romanos e hoje também a toda a Igreja que o Evangelho, nas suas linhas essenciais, está encarregado de levar a salvação aos homens, caídos na triste situação do pecado.
- “Descendente de David pela natureza humana, mas, pelo espírito que santifica, declarado Filho de Deus em todo o seu poder devido à Sua Ressurreição de entre os mortos, Ele é Jesus Cristo, Senhor nosso”.(2ª Leitura).
Para S. Paulo a «boa notícia» consiste em anunciar Jesus Cristo.
Mas Jesus para ele não é apenas um homem perfeito, campeão duma causa humana, autor duma revolução espiritual.
Ponto de convergência de todo o Antigo Testamento, membro dum povo, através do qual se insere na humanidade, Jesus compartilha da nossa condição humana, desde o primeiro Natal, mas é também verdadeiramente Filho de Deus, constituído pela Sua Ressurreição em Senhor das nossas vidas.
O Evangelho é de S. Mateus e diz-nos que José é o homem escolhido por Deus para introduzir o Messias na estirpe de David.
Aceitando, ao contrário do rei Acaz, o «sinal» divino, entra no plano da Salvação e fica a colaborar, estreitamente, na obra redentora, apesar dos seus escrúpulos em assumir tal responsabilidade.
- «José, filho de David, não tenhas receio de trazer Maria, tua Esposa, para junto de ti, pois o que n’Ela se gerou é fruto do Espírito Santo. Dará à luz um Filho, ao qual porás o nome de Jesus, pois Ele há-de salvar o Seu povo dos seus pecados”.(Evangelho).
Pela sua obediência na fé, torna-se pai legal d’Aquele que foi concebido pelo Espírito Santo e nasceu da virgem Maria, pertencendo-lhe impor um nome ao Messias – o nome de Jesus, que quer dizer Salvador, o «Emanuel», o «Deus connosco».
A história da salvação tem o seu plano de desenvolvimento.
Concebido na mente de Deus antes do início dos tempos, preanunciado a Adão e Eva após a queda, foi iniciado com a escolha de um homem (Abraão) e de um povo (o povo eleito); quando chegou a plenitude dos tempos foi realizado pela vinda de Cristo, o Filho de Deus.
- Dizer que Cristo é filho de David quer dizer reconhecer a sua pertença a Israel; lembrar uma realidade marcada pela derrota, como foi a história da dinastia davídica.
- Dizer que é Filho de Deus significa que a história da salvação tem agora o seu “Messias” capaz de ampliar essa história, incluindo as nações.
- Crer, hoje, no filho de David, constituído Filho de Deus, significa aceitar que a história não é estranha à construção da Igreja; é ela a linguagem que Deus quis usar para se comunicar com os homens; ele serve-se dos acontecimentos do homem, mesmo quando parecem instrumentos indóceis, como David e seus sucessores, para a realização do seu plano.
- Significa ainda crer que a missão do cristão tem uma face profundamente humana, não é desencarnada; é tecida de cultura e de história, precisamente porque Deus desceu para se encontrar com o homem na sua carne, nesta terra.
Nesse grande plano, a Liturgia de hoje recorda a profecia de Isaías; a realização dessa promessa nos seus primeiros passos, que depois da obediência de José, verão o “Sim” de Maria e a encarnação do Filho de Deus.
Trata-se de um plano de bondade no qual a iniciativa é sempre de Deus.
- É o Filho de Deus que vem e não qualquer homem.
- Vem de uma Virgem, sem o concurso de um homem.
- É ele que quer estar connosco : “O Deus connosco”.
O plano de Deus encontra-se com a vontade e a colaboração humana : José e Maria.
- Maria é a filha e a flor de toda a humanidade, o vértice de toda a atitude religiosa.
- José é o homem “justo”, não daquela justiça legal que quer ficar do lado da lei repudiando a noiva, nem da justiça que não quer causar prejuízos ao próximo, mas da justiça religiosa que o impede de se aproximar dos méritos de uma acção de Deus na vida e na vocação de seu Filho.
Um Anjo intervém para lhe dizer que Deus tem necessidade dele; é verdade que a concepção é obra do Espírito Santo, mas José deve contribuir para que o menino entre na descendência de David.
A obra do Espírito Santo perpetua-se também em todo o crente, desde que se disponha a dar a sua colaboração, para poder entrar no plano da História da Salvação.
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Diz o Catecismo da Igreja Católica :
524. – Ao celebrar cada ano a Liturgia do Advento, a Igreja actualiza esta expectativa do Messias. Comungando na longa preparação da primeira vinda do Salvador, os fiéis renovam o ardente desejo da sua segunda vinda. Pela celebração do nascimento e martírio do Precursor, a Igreja une-se ao seu desejo : «Ele deve crescer e eu diminuir»(Jo.3,30).
712. – Os traços do rosto do Messias esperado começam a aparecer no Livro do Emanuel («quando Isaías teve a visão da glória» de Cristo : Jo.12,41), particularmente em Isaías 11,1-2 :
- Naquele dia, sairá um ramo do tronco de Jessé e um rebento brotará das suas raízes. Sobre ele repousará o Espírito do Senhor : espírito de sabedoria e de inteligência, espírito de conselho e fortaleza, espírito de conhecimento e de temor de Deus.

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